Perante a realidade com que nos deparamos, novos desafios são colocados a todos nós: há um turbilhão de emoções e de sentimentos intensos e com os quais nem sempre é fácil lidar.
É importante entender que é normal que sinta mais stress e ansiedade, uma possível desorientação e frustração, dada a súbita alteração de rotinas diárias. O medo pelo desconhecido poderá também justificar estes sentimentos. É fundamental tentar contornar estas situações.
Assim, como nos poderemos sentir melhor em casa? Aqui ficam algumas dicas:
SEJA POSITIVO
Procure ter pensamentos positivos: pode procurar frases ou ideias positivas num livro, num filme, na net ou até lembrar-se de algo que alguém especial lhe disse. Vale tudo o que o fizer pensar positivamente.
Pessoas que desenvolvem a Síndrome do Pânico, geralmente, imaginam cenários catastróficas, pois tendem a alimentar pensamentos negativos e autodestrutivos que geram medo irracional, mesmo sem motivo. Tendo motivo plausível, como no caso do novo vírus, esse medo poderá ficar fora do controle.
Acordar pela manhã e olhar os acontecimentos pelo lado positivo poderá contribuir para o controle das emoções que fervilham o tempo todo, com as quais precisamos aprender a conviver.
CRIE NOVAS ROTINAS
É muito importante manter uma rotina nestes dias de quarentena e não ficar todo o dia na cama ou no sofá!
Tente criar a sua rotina, dentro do possível, aproveitando para adicionar atividades que gosta. Procure deitar-se e acordar às horas do costume, vista-se assim que se levanta, faça a cama, abra as janelas para a casa arejar e não salte refeições.
Estabeleça que atividades quer realizar, quando e durante quanto tempo, isso vai ajudá-lo!
FAÇA ALGO QUE GOSTE
Aproveite o tempo de quarentena para realizar atividades que gosta e que, em período de trabalho não é possível.
Aproveite para ler um livro, ver um filme que nunca viu, iniciar uma nova série, experimentar uma receita ou ouvir música. Caso não esteja em regime de teletrabalho, aproveite para adiantar trabalho e procure informação que seja posteriormente útil. O regresso será ainda melhor.
MANTENHA CONTACTO REGULAR COM OS OUTROS
Procure manter contacto regular com amigos e familiares. É muito importante falar com quem nos é próximo, o que certamente nos ajudará a ultrapassar esta situação de isolamento e, possivelmente, auxiliar a superar os sentimentos de ansiedade. Uma vez que devemos evitar deslocações desnecessárias, assim como o contacto físico, opte por dar uso às redes sociais e às videochamadas.
LIMITE A SUA EXPOSIÇÃO ÀS NOTÍCIAS
Procure limitar a exposição às notícias, informando-se apenas através de fontes credíveis e oficiais: Direção Geral da Saúde, Serviço Nacional de Saúde e Organização Mundial da Saúde. Estar exposto a notícias negativas de forma muito frequente vai gerar sentimentos negativos, tais como a ansiedade, frustração, medo e tristeza, aumentando a sensação de mau estar.
MANTENHA UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL
Um estilo de vida saudável em termos físicos também se repercute numa vida mentalmente mais saudável, por isso, tenha em atenção aspetos como os seguintes:
- Tome um bom almoço e jantar, preferindo comida saudável
- Faça exercício físico (mesmo em casa pode fazê-lo – pesquise num site)
- Faça meditação.
- Faça atividades com os familiares (irmão, pais…)
- Pratique relaxamento
- Descanse um pouco (15-30 minutos)
DURMA BEM
Mantenha hábitos de sono saudáveis. Com a ausência de horários, o nosso sono tenderá a ser desregulado, sendo fundamental não esquecer a importância de manter as mesmas rotinas de sono, que contribuem eficazmente para a promoção de bem-estar.
ESTABELEÇA OBJETIVOS
Estabeleça objetivos por dia, escreva-os num papel e tente criar um horário para que os possa cumprir. A sensação de dever cumprido é importante para preservar o seu bem-estar.
FORTALEÇA A SUA RESILIÊNCIA
Ninguém nasce resiliente. A Resiliência é construída no decorrer da vida, sendo a capacidade de psicoadaptação, de se equilibrar diante as adversidades da vida (neste caso, a pandemia), transformando as crises em oportunidades de aprendizagem, fortalecimento, mudança e autodesenvolvimento.
A resiliência e a inteligência emocional andam de mãos dadas. Promova o desenvolvimento de capacidades psicossociais e competências emocionais.
Da mesma forma que a conjetura atual tem impacto na saúde mental de adultos, as crianças também têm dificuldades em gerir as suas emoções e em processar a informação dada diariamente, principalmente porque não têm a maturidade nem estruturas cognitivas que lhes permitam processar alguma da informação a que têm acesso.
Assim, as famílias têm um papel decisivo na forma como as crianças poderão viver esta situação. Ficam também algumas dicas para acompanhar de forma eficaz os seus filhos:
- Explique o que está a acontecer de forma clara e real, com uma linguagem acessível para que a criança realmente compreenda o que está a acontecer e porque é que deve ter cuidados especiais. Explique as vezes que forem necessárias para que o compreenda e se sinta seguro com as informações dadas.
- Dê abertura e espaço para que a criança possa falar sobre os seus medos, as suas inseguranças, os seus pensamentos. Deve existir um espaço de partilha seguro, sem críticas. As emoções da criança devem ser validadas, e para isso basta dizer “Eu compreendo que te sintas assim. Queres um abraço?”.
- Aproveite estes momentos para promover a consciência emocional da criança – pergunte-lhe o que sente, em que parte do corpo o sente, e o que pode ser feito (dentro do possível), para que este se possa sentir melhor. Estará a dar ferramentas ao seu filho para que vá aprendendo a gerir as próprias emoções.
- Transmita confiança ao seu filho – diga-lhe que os profissionais de saúde e os nossos dirigentes estão a fazer tudo o que podem para que esta situação se resolva. Use frases esperançosas e otimistas.
- Organize a vida familiar com horários visuais – estes devem contemplar a os trabalhos da escola, atividades de lazer e desportivas, momentos lúdicos e momentos familiares. A utilização de cores ou símbolos faz com a criança se envolva nas tarefas e seja autónoma na sua consulta.
- Relembre o seu filho de que, embora esta seja uma situação negativa, há aspetos positivos a retirar dela – o facto de se passar mais tempo em família, fazer atividades que nunca tinham sido feitas, podendo estar todos unidos.
- Seja assertivo e firme nas orientações e regras – a mudança de rotinas já é desorganizadora, o que torna a imposição de limites imperativa. É importante que a criança compreenda que, apesar de muitas coisas estarem diferentes, os pais mantêm a sua autoridade.
- Caso note alguma alteração comportamental atípica, consulte um psicólogo. Ele estará habilitado para ajudar o seu filho nesta altura que é tão desorganizadora.
- Cuide de si – ao cuidar da sua saúde física e mental estará a cuidar do seu filho também. As crianças captam estados de humor facilmente, e caso note os pais mais nervosos ou preocupados, também eles irão ficar nervosos.
Esta situação irá passar, embora seja tão dura e tenha exigido tanto de nós. Contudo, sairemos resilientes e com capacidades que provavelmente não sabíamos que tínhamos. E essa é a essência do ser humano, a constante evolução e transformação face às adversidades e vicissitudes que a vida apresenta.
Na Neurovagos pode encontrar apoio através da nossa Linha de Apoio Psicológico, gratuita e anónima. Disponível de segunda a sexta, das 10h às 12h e das 19h às 20:30h.
Neurovagos, a sua saúde é a nossa prioridade!