Devido à situação que se vive, as famílias são obrigadas a mudar as suas rotinas e a organizarem-se rapidamente com várias obrigações e várias limitações. As famílias tornaram-se verdadeiras malabaristas de tarefas domésticas, vídeo-aulas, teletrabalho e supervisão das crianças.
Todos estes desafios são agravados quando na família há crianças com PHDA – Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. Esta é uma perturbação de neurodesenvolvimento que consiste num padrão persistente de inatenção e/ou hiperatividade (impulsividade), que interfere diretamente com o funcionamento da criança. Esta perturbação afeta o desempenho escolar e as competências sociais das crianças que a possuem.
As explosões comportamentais e birras começam a surgir com maior frequência e é neste contexto que a psicologia ganha especial importância – no presente artigo poderá encontrar algumas orientações:
- COMUNICAÇÃO
A comunicação é chave para estabelecer vinculações positivas com os seus filhos: adeque a linguagem ao nível da criança e elogie sempre que possível. O elogio é o combustível para que as crianças repitam comportamentos desejados. Também as regras devem ser mantidas e transmitidas de forma clara e consistente, equilibrando esta assertividade com a flexibilidade que os tempos atuais exigem.
O equilíbrio entre o castigo e o elogio é uma fórmula única para cada filho e para cada família – o que resulta numa criança, pode não resultar noutra.
- EXERCÍCIO FÍSICO
O gasto enérgico é especialmente importante para que as crianças com PHDA possam concentrar-se com menos dificuldade. Recomendam-se pequenos passeios ou corridas no exterior (dentro das normas da DGS). Podem optar por aulas online ou brincadeiras mais físicas (como o jogo da macaca).
- REGULAÇÃO EMOCIONAL
A criança com PHDA tem dificuldade em controlar os seus impulsos e apresenta agitação psicomotora – as suas emoções facilmente se manifestam pelo movimento corporal. Para promover a regulação emocional de uma criança, há que considerar alguns fatores: o primeiro é que as emoções das crianças são tão válidas como as de um adulto, e devem ser aceites pela família. O segundo é que as crianças não têm maturidade para processar e compreender as suas emoções, e cabe ao adulto ajudar a criança neste treino, para que futuramente o possam fazer sozinhos.
Fale com a criança sobre o medo que se pode sentir nesta conjuntura e valide as suas inseguranças ou tristezas. Pode usar narrativas como “Entendo que te sintas assim, queres falar sobre isso?”, “Precisas de um abraço?”, “Queres ficar um bocadinho sozinho?”.
- MEDICAÇÃO
Caso se aplique, não descure a medicação do seu filho. Manter a medicação auxilia na concentração da criança face à mudança de rotinas e novos métodos de ensino, e promove a estabilidade comportamental.
- ORGANIZAÇÃO E ROTINAS
As rotinas são um elemento estabilizador na vida das famílias, então fazer um horário visual com uma organização que contemple momentos de lazer, estudo, atividade física e tarefas domésticas é recomendável. Não se esqueça de contabilizar os tempos de ecrã, as crianças já estão expostas a eles durante várias horas do dia para atividades escolares. Não permita uma utilização abusiva das tecnologias.
As últimas recomendações prendem-se com a adoção de uma atitude positiva e optimista. Concentre-se em todas as competências que a sua família tem adquirido com esta experiência de isolamento social, e como elas vos têm tornado mais fortes e resilientes.
Caso sinta dificuldades do ponto de vista emocional, ou dificuldades na gestão do sistema parental-filial, conte com a equipa de Psicologia da Neurovagos, ou da Linha de Apoio Psicológico disponível em dias úteis, das 10h00 às 12h30 e das 19h00 às 20h30.
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